sábado, 27 de fevereiro de 2010

Fabulinha




Andando por uma rua do Balneário, Zé. Passos lentos, boca seca, morrendo de vontade de matar a sede. Entra no bar e pede uma branquinha. Mas tá calor demais. Então pede uma cerveja mesmo. Pede para pendurar na conta, diz que paga no dia 10. Recebe indenização do ESTADO por invalidez. Pede também seu saldo, que está R$300,00 negativo. “Eu pago, eu pago... Tarda, mas não falha.” Zé é homem honrado, prometeu, está cumprido e ninguém questiona mais isso.
Vê o caminhão das Casas Bahia dobrar a esquina. É o sofá. Tem que ser o sofá. Branco, do jeitinho que Dona Josefa encomendou. Os homens da mega loja reclamam do calor. Tá calor demais. Zé oferece um copo de suco de limão que ele mesmo fez. Os homens bebem com pressa, descarregam a mercadoria com mais pressa ainda. Eles ainda iriam lá para os lados do Álamo, Campinas, Casa Grande e Recanto.
Dona Josefa paquera demoradamente o sofá novo. Branco. Zé, latinha de cerveja na mão, conversa agora com seu vizinho que reclama muito do calor. Zé comenta sobre o jogo de ontem em Presidente Prudente. “Você tinha que ver”, gargalha. “O narrador e o comentarista estavam se desmanchando em suor. Falava que às 7 horas da noite o sol ardia como se fosse meio-dia. E suavam”.
Zé comentou isso porque se lembrou de quando morava em Londrina. E se lembrou de João Antônio que uma vez comentou que em Londrina até a brisa era um bafo quente na fussa de todo mundo. Norte do Paraná. Perto de Prudente. Faz calor demais.

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