sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O Risco do Risca-Faca – Alexandre Rocatto

Correria na feira, pernas para quem te quer. O cadeirante tirou forças dos mitos, minotauro urbano ladeira abaixo. Mocinha, peitinho de pêra, esqueceu de empinar a bundinha pro Maneco da uva e correu também. Reinvenção do jagunço esquecido, o sangue de Jesus de poder atrás do muro da creche. A criança perdeu o brinquedo, trezentas vezes pisoteado no asfalto duro. Ai, meu Deus! A mãe segura mais forte a mão do menino, trote-galope, no que o catarro parou na camisetinha ordinária.

Olha o peixe! Leva o peixe, minha gente! Virou corre, gente! Corre, gente! Pernas de minotauro, uva também no chão duro. Por Deus! Meu Deus! Criançada e o jagunço, deu soluço e o sem ar...

Tiros na feira, as feras de um agreste perdido, ou Minas? Sertão, grande. Zé, ou Nuno? Não se sabe quem atirou primeiro. A voz do povo é a voz do povo: só crê quem vê. O resto, lero-lero.

Nostalgia bipolar - Alexandre Rocatto



segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O novelo velho novo


Há tempos li uma poesia que falava de novelo, de gato brincando com novelo. Sei que a ideia de novelo é velharia para quem só fuça em quinquilharia atual. Meu novelo de palavras é seu scrap no Facebook, minhas analogias de memória, seus comentários do assunto da moda no Twitter. Velho e novo disputando espaço e coexistindo, ainda não sei se de forma pacífica ou não, coexistem misturadas ainda. Meu novelo não vê novela. Minhas retinas estão fatigadas do mesmismo e os novelos que enxergam, ainda, estão mofando no fundo do porão. Quer ser o novelo mais que linha enovelada, quer ser roupinha da estação dos que frequentam os bailes da terceira idade. Enquanto eu danço com uma velinha simpática, tio Honorico adiciona mais amigos à sua rede. Tio Honorico já não deita em sua rede de aflições a muito tempo. Tio Honorico agora chama Tio$... Mas ainda ouve "Fuscão Preto"...