segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A VIRTUDE QUE NASCE À BEIRA DO ABISMO

CAPÍTULO 2
A VIRTUDE QUE NASCE À BEIRA DO ABISMO

A virtude é como um câncer porque creio que espera encontrar nesses relatos um pouquinho mais de esperança, misericórdia ou mesmo fé. Verá que já é a hora porque minha essência é feliz. Me tornei árvore mais forte com o vento que os anos castigou e direi sorrindo que tornei-me ser melhor... Graças.
─ Moleque! Vê se aprende e vira homem...
Ouvia sempre de meu pai essa frase de efeito. Mas, no meu caso, a responsabilidade precoce e uma facilidade para ganhar dinheiro inverteram seus papeis: comprei minha primeira moto aos 12, e aos 20, fiz meu primeiro milhão... Mentira! Nunca tive mais de R$5.000,00 na conta.
A moto, eu, acredite se quiser, ganhei numa rifa da quermesse da São Joaquim. Eu não acreditava nesse papo de sorte (A minha sorte eu fazia, Holliwood). Ia à festa da Igreja para tomar vinho quente e quentão e ver as meninas dançar, claro. Festa Junina virou balada da moda: o padre falando para as pessoas consumirem as coisas e comprarem as rifas, ofertas ao Senhor, coisa e tal; o D.J. toca música bem sexy (Rap, Boy Band, Space Gils, Lambada, Abre a rodinha, meu amor, abre a rodinha, sem falar nas atuais, alguma coisa como Venha para a minha fábrica de chocolate, tudo bem Holliwood).
Esse papo me endoida é bem racional e toda razão em ser. Da malandragem, aprendi que cavalo dado não se olha os dentes, no caso específico da moto, foi a rifa que comprei das mãos da carolinha mais sem vergonha da festa, Rúbia. Foi a primeira garota que subiu na garupa da minha moto. Vocês já viram como as loiras, também as falsas loiras, ficam bem, de shortinho, na garupa de uma moto? Bem...
─ Eu não te falei que ia te dar sorte, campeão!
E me deu, uma grande e bela sorte, minha primeira moto, minha primeira transa, aos 12, idade razoável para se começar a vida sexual para um menino de periferia e desses casos em que a molecada perde o cabaço na quebrada, tenho mil para contar.
Hoje a molecada não está perdoando, é geração internet. Me contaram que a filha de uma dependente aqui da clínica, de apenas 11 anos, fez um filminho com mais dois meninos, ambos de 13. Gravaram tudo no celular e dividiram as imagens com os colegas da escola. Acho que por isso a mãe não agüentou a barra e se afundou mesmo. Deve se sentir culpada e é culpada mesmo. Sempre foi daquelas mães vagabundas, que enchem a cara no boteco e fica dando para qualquer Zé Mané que pagar a bebida e ri bem alto na rua e chama a atenção pela roupa ridícula e micro. Do tipo de mãe que passa maquiagem na filha e veste saia curtinha e adora ver a criança dançar até o chão umas músicas com linguagem e intenção inapropriada para menores de idade. Depois vai dizer para os outros que a culpa não é dela, fazer cara de coitada, cara de Holliwood.
─ Eu não falei que ia te dar, campeão!!!

Nenhum comentário: