segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Templo perdido onde moram os natais

numa mesa de bar
se desfaz um castelo.
dança-se quadrilha,
jeito de gostar do próximo
e o próximo ao próximo,
e o próximo ao próximo,
do amor distanciando
e eu distante vivendo.
como esse trem,
comboio metálico lotado de solidão,
flutua no instante de ferro.
do calor humano,
sabe-se só quando o óculos
fica embaçado,
com todo tipo de hálito,
que embala este minotauro urbano.
as dez estações
[a palavra sempre me deu a vertigem de quase faltar o ar.
fria noite não sintoniza,
nem uma parada,
ou coração para descolar:
a alma do corpo,
o corpo dos ombros,
os ombros se deram.
pacíficos ao moedor de sonhos
de uma grande corporação.
sem chá para brindar o viaduto,
ou cachaça que soubera o Benedito,
cálices oferecidos vazios
aos lábios chocados
que em vão calaram.
e o seu teu suspiro,
final sem ponto,
me soou amargo,
já leve ressequido.
as estações,
gente também fica no inverno,
gente há que inventa ocasião
para celebrar a vida.
e eu cerebral
não pedi um beijo,
me afoguei no se não.
um velinho simpático,
poderia ser meu pai,
atirou-se, rolando,
escada abaixo,
com seu saco vermelho às costas,
acreditando em espírito fora de época,
acreditando ser Noel,
ninguém achou-o estranho.
aborreceu-se em perder a conexão,
poderia ter ficado no bar,
construindo um castelo com cartas
que ninguém mais lê.
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